quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sobre misticismo


Quem é que já não fez seu mapa astral, leu cartas, fez numerologia, cristais, esteve no terreiro com a pomba gira, ou sei lá onde com médiuns? Ou ao menos leu o horóscopo??? Quem não teve aquela amiga enlouquecida que, é só dar umas doses de whiskey e ela começa a profetizar e enxergar aquelas coisas que ninguém saberia???

Pois bem, eu uma vez, fui com a mulherada do lugar onde fazia estágio numa criatura que até hoje não lembro se lia cartas ou bola de cristal. Tal era a minha empolagação. Era num fim de mundo. Quando chegou a minha vez ela disse um montão de coisas que não fizeram o menor sentido e, entre elas, que me via morando em uma cidade grande e bem longe, perto da praia e com um cara que até hoje não lembro se ela disse alto e de cabelo castanho ou baixinho e loiro ou baixinho de cabelo castanho ou alto e loiro (tá, não tem muita permutação nisso mas vai ser eu naquela época... eu não tinha idéia do que a louca estava falando). Na época, e devido às minhas circunstâncias, tudo que me passou pela cabeça é que eu iria morar em São Paulo (Ilha Bela, oi?) e que ainda não tinha conhecido o meu par. Hoje moro longe pacas, numa metrópole, é tecnimamente uma ilha e eu espero sinceramente que ela tenha dito alto com cabelos castanhos....

Anos depois, lá estava eu num jantarzinho com mais uma mulherada (sempre elas que acabam te pondo nisso! Já viu homem dizer "Futebol lá em casa. E vem a Zara Yonara baixar na Consuelo para ler o nosso horóscopo!) e lá vem uma delas com o mapa astral de cada uma. A única coisa que lembro (das mil que ela disse) é que eu não sei fazer dinheiro, que sou um zero a esquerda com o sinal de menos/negativo na frente. Na época achei que ela estivesse chutando. Hoje acho que a mulher tinha razão e até me arrependo de não ter prestado atenção no resto. Vai que tinha algo de bom e interessante? Porque em relação a fazer grana, ela não poderia ter profetizado melhor.

Pois esses dias uma amiga fez numerologia. Ela está na mesma situação de todo mundo, brilhante, talentosa e penniless. Aí que os números revelaram o seguinte: em exatamente 7 anos ela vai tornar-se rica, linda e famosa. Linda ela já é (mas é bobona). Agora, rica e famosa??? Tem gente com a retaguarda virada para a lua, não tem??? No momento que recebeu a notícia ela perguntou para a numerologista (sempre mulher essa gente!) se podia hibernar até lá. Boa idéia, mas parece que os números não gostam muito disso. Tem é que ir ralar, suar, até duvidar, mas descansar ou se recolher numa caverna e entrar em hibernação não vale.

Sim, porque eu sou uma jangada encalhada, lembra ??? Não sai coelho dessa minha cartola. Me resta torcer para que seja tudo balela. Apesar de que também ganho se torcer para que seja verdade porque vai ser a minha primeira amiga rica e famosa.

É sempre bom sonhar.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Livro: The Angel’s Game (O Jogo do Anjo)



Título: The Angel's Game (O Jogo do Anjo)

Autor: Carlos Ruiz Zafón

Publicação: 28 de maio de 2009

Editora: Weidenfeld & Nicolson

441 páginas

(Original em espanhol publicado em 2008)


Esse é o mesmo autor de The shadow of the Wind, livro bom pacas.

The Angel's Game se passa em Barcelona, na década de 20, onde encontramos David Martin, um escritor talentoso que teve uma infância sofrida. De natureza solitária, David mora num casarão abandonado que guarda uma história sinistra. David é daquelas pessoas de boa índole e capazes mas com uma vida cheia de obstáculos e dificuldades em que nada parece possível: o dinheiro é sempre curto, a mulher amada não pode ser sua, seus editores inescrupulosos exigem que publique seus trabalhos sob um pseudônimo e para arrematar descobre que possui uma doença fatal. Desculpem meu francês, mas o cara tá fodido!

Um dia, um editor francês esranhíssimo o procura oferecendo uma enorme quantia em dinheiro para que David escreva um livro que mude a vida das pessoas, um livro com uma religião nova. A idéia soa meio sinistra mas David não vê a hora de livrar-se dos editores para quem trabalha e poder publicar sob seu verdadeiro nome. David explica ao francês que seu contrato não permite que ele simplesmente deixe seus editores e o francês responde que eles não serão nenhum obstáculo. Resultado: os editores morrem num incêndio...

Enquanto relutantemente trabalha para o editor francês, David escreve seu próprio livro e ainda ajuda seu melhor amigo reescrevendo o trabalho dele também. Só que quando os livros são publicados, é o livro do amigo – escrito por ele! – que vira um sucesso enquanto o seu recebe pesadas críticas.

Não vou contar toda a história e olha que até agora contei só um tiquinho que dá para ler na orelha do livro. Admito que Carlos Ruiz Zafon tem o dom de contar histórias, ele sabe fisgar o leitor. Só que enquanto o livro promete, não cumpre. Acaba virado num labirinto cheio de caminhos sem volta e enquanto eu tinha fé de que desembocaria na saída do labirinto... bem, me senti traída. A história terminou e me deixou pasma. Sobre o que foi todo esse corre-corre???

O bom do livro é que transporta o leitor para as ruas de Barcelona, dá quase para sentir o cheiro! Também carrega o leitor para o "Cemitério dos livros perdidos", um labirinto secreto de livros que fica debaixo de Barcelona, tão grande que dá para se perder lá dentro. A história é cheia de mistérios, mentiras, mortes, romance, segredos e várias doses de sobrenatural.

Enfim, mais idéias boas do que dom para tecê-las e finalizá-las de maneira convincente. Mas vale a pena ler, é daqueles livros de não querer largar. Mas nada assim tão especial para ter tido tanta repercussão aqui por essas bandas.