quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Flash Forward



Lá estou eu no pub do clube de corrida como faço toda quarta-feira e entre uma pint e outra alguém menciona um seriado novo, "Flash Forward". Eu tinha visto umas chamadas mas como seriados são sempre empolgantes no começo, mas se arrastam até a gente pegar nojo, nem cogitei conferir.

Para quem não sabe, Flash Forward é um seriado produzido pelo mesmo time de Lost (aquele seriado que todo mundo viu, menos eu, e que acabou se perdendo no caminho). A história gira em torno de um fenômeno que acontece sem aviso prévio onde, de repente, a população inteirinha do planeta desmaia e permanece desacordada por exatos 2 minutos e 17 segundos. Quando voltam a si o caos está formado, afinal, a quantidade de acidentes decorrentes do desmaio coletivo é alarmante. Mas o mais importante, durante esses 137 segundos as pessoas tiveram visões onde se viram 6 meses no futuro. Ninguém sabe como e porque tal fenômeno ocorreu. Para algumas pessoas, as visões foram libertadoras e otimistas, para outras foram confusas e assustadoras e algumas pessoas não tiveram nenhuma visão (porque não estariam mais vivas daqui há 6 meses?). Uma câmera de segurança registra uma única pessoa caminhando despreocupadamente entre os desmaiados durante o fenômeno. Um agente do FBI, no seu Flash Forward (como são chamadas as visões), viu-se analisando uma coleção de pistas que levaria aos causadores do blackout. O FBI começa uma investigação para elucidar o mistério.


Já estamos no quinto ou sexto episódio da série por aqui. Até agora é bem joinha. Mas aposto que vai ser a mesma ladainha de tudo que é série que aparece e não vai terminar nunca. Aposto que vão estragar.

Lá no clube, quando surgiu a conversa, imaginamos o que estaríamos fazendo daqui há 6 meses e a conclusão foi unânime: estaríamos sentados em torno do bar, bebendo nossas pints depois de uma corrida... mesmíssimo cenário. Pior é que ao mesmo tempo em que me pareceu triste - quem quer estar sempre fazendo a mesma coisa?- foi também um alívio porque eu adoro essas quarta-feiras. Também me fez relembrar o quanto encaramos o futuro como certo quando na verdade muitos incidentes inesperados podem surgir mudando o curso de nossas vidas de maneiras inimagináveis.


Voltando ao Flash Forward, porque eu tinha gostado da idéia por trás do seriado, consultei meu oráculo e descobri que o seriado foi baseado no livro que leva o mesmo nome, publicado em 2000 e escrito por um autor canadense, Robert J. Sawyer. Encomendei o livro? Sim! Li? Sim! E gostei muito. E juro que não estragou o seriado porque as únicas coisas em comum são o planeta ter experienciado visões do futuro durante um desmaio coletivo e o nome da personagem principal do livro ser o mesmo nome de uma personagem secundária do seriado. Só. E tendo lido o livro eu estou salva porque se o seriado me decepcionar ou arrastar-se ad infinitum, o livro valeu a pena.

Vamos ao livro.

No livro, o planeta inteirinho perde a consciência por exatos 2 minutos e sim, as pessoas se vêem no futuro, mas em 21 anos no futuro ao invés de apenas 6 meses. Não tem FBI nem grandes investigações envolvidas como no seriado, tudo se passa na Europa envolvendo um experimento com partículas atômicas no super acelerador do CERN (Organização Européia para Pesquisa Nuclear). A projeção coletiva da consciência teria sido um efeito colateral impossível de ter sido previsto durante um experimento conduzido por Lloyd Simcoe, o único nome de uma personagem do livro que o seriado toma emprestado, porque até os papéis são outros.

O livro levanta questões sobre livre arbítrio, se o futuro já está escrito ou pode ser mudado, escolhas e, surpreendentemente, sobre imortalidade.

A leitura é muito boa, a história é bem costurada e flui. Só as personagens são insossas, não tem um herói principal daqueles por quem a gente torce e sofre junto. Eu achei que faltou emoção e empatia para com as personagens. Mas com certeza é uma ótima história de ficção científica e tenho certeza que o seriado não chegará aos pés do livro.



Título: Flash Forward

Autor: Robert J. Sawyer

Publicação: 1999

Editora: Tor Books, Canada

320 páginas





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