sábado, 17 de setembro de 2011

Vada e eu


Eu sei que todos sabem mas, just in case, o mês de agosto na Europa é a alta temporada do verão. A criançada está de férias e muitas famílias viajam para as praias. Londres enche de turistas e os residentes desaparecem. Com a escola aqui perto do café fechada, o movimento cai drasticamente, a Ale limpa e desliga duas geladeiras e um freezer, apaga as luzes e sai de férias.

Fui para a beira da praia. Literalmente passei 20 dias Sob o sol da Toscana. Como é bom ver cores vibrantes, sentir a luz e o calor forte do sol, o cheiro do mar, pisar na areia fofa, comer peixe fresco, tomate com gosto de tomate de verdade, fruta com gosto de fruta de verdade, poder correr todos os dias, assistir o sol se por na praia, curtir meu filho o dia inteirinho, ler meus livros... ai que vidão. Eu quero voltar a ser dondoca!

Essa prainha para onde fui chama-se Vada. É um vilarejo na costa da Toscana, pertence a comuna de Rosignano que por sua vez fica na província de Livorno. Enfim, é um pontinho insignificante no mapa da Itália. Mas é uma pérola! Eu amo Vada.

Como todos os vilarejos, Vada tem uma igreja e uma praça onde a vida social e comercial acontece depois da praia. Pois bem, ali em Vada tem uma sorveteria com o melhor sorvete do mundo. Chama-se Tentazione e é uma tentação. Sorvete para comer de joelhos, nunca comi sorvete nem perto de tão bom. Ali também tem uma cafeteria excelente com os melhores docinhos, sobremesas, tortas e biscoitos da região. Sempre lotado.Outra coisa muito boa em Vada é o salão de beleza Carelli. Eu saio de lá com o cabelo liiiindo, sempre.

E as praias? Vada tem mais ou menos uns 5km de praia que no mês de agosto lota com famílias. Mas se você tem uma bicicleta, pedala uns 10 a 15 minutos até Spiagge Bianche  que fica escondidinha e sem acesso à carros. Lá parece o mar do Caribe de tão transparente que é a água e de tão branquinha que é a areia. Sempre tem espaço para mais um guarda-sol e tem também uma escola de windsurf que quando o vento levanta, sai da frente que o mar fica cheio de velas e kytesurfers.

Eu adoro Vada! Um spa físico e mental.

Tive ótimas e muito merecidas férias. Estou mais parecida comigo - bem humorada, positiva, bem disposta e sorridente.


terça-feira, 23 de agosto de 2011

Livro: The Help

Autora: Kathryn Stockett

O primeiro encontro do clube de leitura foi tão bom que terminou depois das onze horas da noite. Discutimos livros, preferências e anedotas do dia a dia. O livro que vamos ler para o próximo encontro é o “The Help” da escritora americana Kathryn Stockett (em português trocaram o tìtulo para “A Resposta”. Não entendi). Na verdade, terminei de lê-lo hoje. Gostei muito. Algumas partes me emocionaram muito, principalmente perto do final, cheguei a conter lágrimas de alívio e felicidade pelo destino de algumas personagens. Ou eu estou perto dos meus dias ou o livro é bom mesmo. Achei as personagens convincentes, reais. O livro me prendeu do começo ao fim, muito bem escrito. Que discussões vai levantar no próximo encontro? Estou curiosa. Meu grupo é formado por mulheres jovens inglesas e de diferente países europeus. Vai ser interessante, eu imagino.

Quanto ao livro (e arrumando o que eu tinha escrito na [ultima postagem), a história acontece no início dos anos 60, época do movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos e é narrada na voz de três mulheres da cidade de Jackson, no Mississipi, Aibellen, Minny e Skeeter. Aibeleen e Minny são duas empregadas domésticas negras que tentam trabalhar o máximo de horas possíveis para as famílias brancas aguentando a falta de respeito e a crueldade de uma sociedade racista. Já Skeeter é uma jovem branca de uma das famílias importantes da comunidade local, aspirante a escritora e a única que parece sentir que há algo de muito errado na sociedade. Incomodada com o desaparecimento misterioso da empregada negra que a criou e inspirada pela forte relação que mantinha com ela, Skeeter decide escrever um livro de entrevistas contando como é a vida das empregadas domésticas negras de sua cidade. Só que numa época de segregação racial e castigos cruéis por motivos simplórios, sair falando da patroa não só é muito perigoso como também ilegal, fazendo com que o projeto se torne quase impossível de ser realizado.

“The Help” é cheio de ironias, personagens e relacionamentos fortes e convincentes. Faz rir e horroriza na dose certa. Gostoso de ler. Li em menos de uma semana.

Ah! Sei que saiu o filme há pouco. Não li as críticas mas eu DUVIDO que faça jus ao livro. Aposto que é fraquinho porque o diretor vai enfatizar apenas o eixo da história (americano adora um draminha sobre “maus” x “bons” cheio de estereótipos) e não vai capturar as nuances e riqueza nos relacionamentos e personalidade das personagens. São tantos livros bons que são estragados quando colocados nas telas, perdendo toda a sutileza, complexidade e força da narrativa. Esse vai ser mais um.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Clube de Leitura

Amanhã será o primeiro encontro do meu clube de leitura. Eu estou super empolgada. Várias pessoas mostraram interesse.

Quer coisa melhor do que ler livros e poder discuti-los entre um copo de vinho e outro???

Este primeiro encontro servirá para estabeler o formato das nossa reuniões, por exemplo, horário, frequência, como escolher os livros, etc. Como eu sou a organizadora, o primeiro livro quem escolhe sou eu. Nunca pensei que pudesse ser uma tarefa difícil mas está sendo. É que eu leio praticamente qualquer coisa, a não ser claro, livros super bobos e muito mal escritos, estes eu passo. Mas em geral tem que ser ruim mesmo, muito muito ruim para eu não ler. Não tenho problema com gênero, leio desde ficção científica até clássicos. Mas nem todo mundo é assim, então sinto que para o sucesso do clube, preciso achar algo que não seja nem muito simples e nem muito complicado, que de preferência gere tópicos para discussão e seja interessante. Não é tão fácil assim escolher. Tem muita coisa hoje em dia que é best seller, vira filme mas é extremamente fraquinho. Claro que tem coisa boa também mas como escolher um livro que ainda nem li?
Ainda bem que depois a escolha dos livros cai na mão dos próximos membros.

Bom, dificuldades ou não, estou entre dois livros.



O primeiro chama-se "A Resposta" da autora Kathryn Stocket. Escolhi por segurança já que a crítica é muito boa e parece agradar muito aos leitores. Estou curiosa para ver o que tem de tão especial já que, há algumas semanas atrás, estava numa livraria e lembro de ter lido a contra capa e não ter me interessado. Pois bem, "A Resposta" (ou "The Help" no original) é narrada por três empregadas negras no Mississipi dos anos 60. O livro é elogiado pela dose certa de humor na narrativa, a perfeição na complexidade das relações entre mulheres que vivem em mundos sociais tão diferentes e o tão convincente emanharado de mentiras e segredos do enredo.



O segundo livro chama-se "When God was a rabbit", de Sarah Winmam. Gostei do título. É a história de Ellie, uma menina que decide chamar o coelho de estimação de Deus. É uma história sobre crescer e tornar-se um adulto, família e amizades. Eu imagino que é o estilo da autora que irá determinar o diferencial do livro. Espero que o livro seja bom.
Alguém aí tem alguma dica do que ler?
(Esta semana ainda vou abrir um blog para o clube. Passo o site assim que estiver funcionando).

terça-feira, 28 de junho de 2011

Apelo



Finalmente eu abri uma página para o café. Ainda não é a website porque ainda não tive $$$$ tempo. Então é o tal do Facebook mesmo. Quem quiser e estiver interessado em ver fotos e saber das novidades relacionadas ao meu atual trabalho aqui é só clicar no link http://www.facebook.com/pages/Alexmoon-Cafe/114673118624438

Quanto mais pessoas clicarem no I LIKE, melhor para promover o local, então mesmo os que estão longe, por favor me dêem uma força.

 MUITO OBRIGADA!!!

Alexmoon Café também está no twitter: http://twitter.com/alexmoon  


Sigam-me os bons!




terça-feira, 1 de março de 2011

Filhinho de peixe...

O meu filho terminou de ler o primeiro livro da série "Alex Rider", do escritor britânico Anthony Horowitz. Ele gostou tanto que me fez encomendar o segundo livro. No dia seguinte, quando chegou pelo correio, ele abriu o pacote com um baita sorriso e folheando o livro perto do rosto deu uma inalada profunda e declarou:

-Que cheiro bom que livro tem! Como eu gosto desse cheiro!

Realmente o fruto não cai longe do pé.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Coincidência

Achei que com internet no café eu teria mais chances de andar pendurada no mundo virtual mas quê! O movimento aumentou e não sobra tempo para mais nada. Eu sei que parece exagero, mas vai ser a cozinheira, a garçonete, a moça do caixa, a gerente, a RP, a administradora, a contadora, a faxineira, a pensadora, a updater do twitter, a criação e arte do que precisar (incluindo menus, plaquinhas, murais, posters, cartão de visita, etc) e nem sei mais o quê. Tudo na mesma pessoa. PQP!

Bom, vamos ao causo. Hoje entrou um casal novo. Ele, um senhor com pose e um quê de nervosinho contido, com a pele bronzeada (eu louca para perguntar onde ele tinha andado e se de férias) e os cabelos grisalhos. Ela, uma senhora bem vestida, com um sorriso largo e falando baixinho. Bem magrinha e com cara de indiana, muito simpática. Eles pediram dois cafés latte, merengue de forno para ele (as coisas que eu invento de pura bobeira e só para não jogar fora as sobras e a clientela me surpreende comprando entusiasmada) e crepe no palito com recheio de queijo para ela. (Explico o crepe no palito numa outra ocasião).

Quando retorno com os pedidos, a senhora me pergunta de onde sou. "Ah!Então ele acertou! Ele viu aquele livro ali na estante e comentou que provavelmente você fosse brasileira." Disse ela referindo-se ao senhor que a acompanhava.

Eu tenho um único livro em português de capa dura, grandão, bem bonita a capa e cheio de fotos muito boas. Chama-se "Brasil Bom de Bola" e em função desse único livro em meio aos outros 200, a maioria dos clientes acerta de cara. Apesar de que esses dias entrou um sujeito me perguntando se eu era turca... e eu nem tinha cobrado o café dele ainda!

Enfim, em seguida, a senhora emendou que a nora era brasileira e ela e o filho moravam no Brasil, numa cidade chamada Porto Alegre. Fiquei tão surpresa e emocionada com a coincidência que emburreci. Queria perguntar mill coisas mas a única coisa que saiu foi "Eu também sou de lá" e "Há quanto tempo o  seu filho mora lá?" Tentei colocar meus neurônios em ordem para poder perguntar coisas mais interessantes e produtivas mas o senhor já estava de pé e parecia louco para se arrancar e eu não quis ficar segurando com conversa. 

Ela disse que voltaria, fez mil elogios ao café. Espero que da próxima vez eu consiga conversar com ela direito.  Não é todo dia que encontro alguém por essas bandas que tem um filho que casou com uma brasileira e foi morar em Porto Alegre. Se fosse em Londres mesmo, lá no centro, não teria ficado tão surpresa. Mas aqui para fora, quase Kent... eu nunca vejo nem brasileiro por aqui! Eu sei que tem porque costumava ter tempo para frequentar restaurantes e tem uns vários onde os garçons são brasileiros. Mas realmente não é como no centro que tem brasileiros por tudo. E ir morar em Porto Alegre! Bem, é que Porto Alegre pode até ser a melhor cidade do mundo, o centro do universo para os orgulhosos porto alegrenses, mas muito pouca gente de fora já se quer ouviu falar na verdade (sim, sim, ignorantes, eu sei!!!) Ai ai...

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Apesar do trequinho aí na direita dizer que estou lendo outra coisa, na verdade estou lendo "Shantaram" do Gregory David Roberts, um australiano. Estou adorando. A história se passa na Índia, para onde o personagem principal (o próprio autor)  foge depois de escapar de uma prisão de segurança máxima na Austrália. Eu estive na Índia por 3 meses e meio e, além do autor ser um escritor excelente, estou adorando revisitar lugares, jeitos e a cultura que vi com meus próprios olhos. O que ele escreve, descreve, interpreta... bah! É uma espécie de testemunha, é como se ele estivesse traduzindo sentimentos, imagens, sons, cheiros, cores, tudo lindamente colocado em palavras.

Tá, tudo bem que eu não morei nas favelas e não me meti com a máfia. Mas fora toda a trama da história, o resto condiz. Ele descreve uma Índia que eu vi. Bem do jeito que eu vi.

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Preciso ir dormir. Boa noite!








sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ando sumida, hein!?

Faz muito tempo que não escrevo nada aqui. Sinto falta mas, desde a inauguração do café/coffee shop/sandwich bar, minha vida mudou tanto! Eu ando trabalhando MUITO. Mas MUITO mesmo. Deve ser alguma espécie de castigo cármico por eu até então ter levado uma vida relativamente tranquila em relação a trabalho.

Sabe o que todo mundo diz, que ter o próprio negócio é muita dor de cabeça, que é dureza e a criatura acaba trabalhando bem mais do que se fosse empregado de alguém? Pois é verdade, agora eu sei por experiência própria. Socorro.

Claro que tem o lado bom. Mas não consigo lembrar de nadinha no momento, então vou ficar devendo essa.

Brincadeira. Mais ou menos.

Para quem ainda não sabe, eu abri uma cafeteria em outubro. Chama-se Alexmoon Café. Fica em Bromley, periferia de Londres. Está aberta de segunda a sexta das 8:30 até 5 da tarde. E nos sábados das 9 as 4. Nos domingos eu tento ressuscitar e recarregar as energias. Bla.

Quando minha cafeteria era apenas um projeto, eu imaginava as pessoas fazendo lanchinhos e saboreando seus cafés tranquilamente enquanto liam um dos meus livros que preenchem as estantes (são mais de 120 livros no momento). Ou lendo o jornal. Ou trabalhando nos seus laptops conectados na internet via my wi fi. Mas não é exatamente o que acontece.

Um que outro cliente me faz feliz assim, fazendo exatamente o que eu visualizava. Por exemplo, tem o Rodrigo Santoro-depois-do-acidente que recentemente, e por duas semanas, veio quase que diariamente almoçar. No primeiro dia ele escolheu um dos livros, pediu um café e um sanduíche e passou um bom tempo imerso na leitura.  E assim foi quase todos os dias por duas semanas. A Rachel, minha escrava parceira na cafeteria, foi quem me alertou (porque ela trabalhava na frente e eu na cozinha) que já era a terceira vez que ele vinha para continuar o livro. Eu fiquei toda entusiasmada e feliz, finalmente a minha idéia serviu para alguém! Faz uma semana que ele terminou a leitura. Achei que ele fosse começar outro livro mas por enquanto nada. Tanto livro bom que ele podia ler... oh well. Quem sabe ele está descansando o cérebro depois da leitura? Espero que ele repita a dose. Foi legal assistir.

Também tenho alguns clientes, geralmente aposentados, que vem ler seus jornais aqui. Tem esse senhor inglês, um velhinho muito doce que sempre vem tomar um cappuccino e comer uma fatia de bolo a tardinha.  Adoro conversar com ele. Ele morou na África, onde as filhas cresceram, e tem tantas histórias fascinantes para contar!

Outro grupo de clientes vem de uma escola há uns 200 metros da cafeteria. São as mães que largam os filhos na escola e vem se encontrar aqui para fofocar umas das outras. Sem querer acabo ouvindo as conversas e oh my, se morderem as próprias línguas morrem envenenadas.

Todas as quarta-feiras um outro grupo de mães reúne-se aqui. São todas mães de bebês de uns 3-4 meses. Isso aqui fica virado num estacionamento de carrinhos/berçário. Uns bebezinhos fofinhos que mamam feito terneirinhos!

Legal que já tenho clientes frequentadores assíduos. E sempre aparece gente nova. Eu recebo vários elogios pelo local. Todo mundo gosta dos cafés e da comida e todos retornam. Isso é bom sinal, não é?

Também descobri que sei cozinhar. Não que eu goste, mas pelo jeito me viro bem porque as pessoas elogiam.

Agora que tenho internet aqui na cafeteria, escrevo mais seguido. Tenho várias coisinhas para contar mas por hoje é isso mesmo.