domingo, 4 de outubro de 2009

Banzo II: minha amiga Rachel




Eu sinto saudades da Rachel. Hoje estava eu aqui fazendo as unhas sozinha e lembrando daquela vez que resolvemos ir num negócio só de unhas aqui perto de casa. Concordei porque não lembrava o porquê de não ter o costume de ir fazer as unhas em nenhum salão aqui em Londres. Expliquei que o único jeito de uma boa manicure seria encontrar uma brasileira nos anúncios da Leros mas ela queria saber porque "é por que não tiram cutícula?" ou "é por que é caro?". Ah! eu sei lá! No meu cérebro só estava registrado que não valia a pena. Pois bem, fomos num sábado no tal negócio exclusivo e especializado em manicure e pedicure. Negócio da China! Um monte de parafernália, o troço parecia super profissional. Umas chinesas super mal educadas nos atenderam.

Resultado: cutícula elas não tiram, dão uma aparadinha insignificante nos lados, mas aquela camada toda de cutícula que cobria quase metade das minhas unhas, a moça deixou ali na maior cara dura. Na hora de passar o esmalte, bom, uma piada. Meu filho teria feito um serviço muito melhor! Porque elas desconhecem palito tomam o maior cuidado para não encostar na pele do dedo, então fica aquela faixa de esmalte no meio da unha. Ridículo. E cobraram 10 libras (oi! 39 reais!!!) pela palhaçada. Voltamos para casa com as mãos escondidas nos bolsos e fizemos nossa própria manicure ao som dos Mamonas Assassinas (achei o cd numa caixa e deu a maior nostalgia).

Hoje é domingo e eu queria a Rachel aqui para ir para Camden comigo. Ela sabe passear por Camden. Aliás, a guria é a melhor companhia para passear por Londres. Não tem tempo feio, tudo tá bom, tudo vira festa. Parceira de várias indiadas.

Uma das indiadas lendárias foi a vez que fomos convidadas para passar uma tarde caminhando no lodo na beira do rio. Um amigo em comum estava de aniversário e como ele mesmo disse "o aniversário é meu, eu escolho o que vamos fazer", não discutimos. Como envolvia um rio, eu ignorei as palavras lodo e lama porque nem passou pela minha cabeça que alguém fosse querer caminhar com lama e lodo até os joelhos para comemorar o aniversário. Tinha formado uma imagem idílica na minha cabecinha de pandorga que seria um lindo passeio pelas margens de um rio cristalino cercado por verde e ar puro. Ingênua que dói.

Fomos em uma turma de umas 20 pessoas, cada um na sua bicicleta. O rio era o próprio Tâmisa num pedaço horroroso e cheio de concreto. Na entrada combraram 10 libras por pessoa, nos forneceram galochas de borracha até as coxas e uma guia. Nunca tinha visto tanta lama ao vivo na vida. Nem quando dava enchente na Ferrugem. Pior do que eu vi na TV uma vez, onde uns caras se atolavam para pegar caranguejo (acho que se chama mangue - ignorância é phoda!). Mas pior foi o fedor, um cheiro de esgoto de dar vontade de vomitar! E aquele bando de abobados seguindo uma guia que falava sobre a flora (limo e o que mais mesmo???) e a fauna (sanguessugas, enguias e carcaças de siris) do Tâmisa e todas as coisas interressantes que o rio trazia (carrinhos de supermercados, laptops, bicicletas, pneus, tampinhas de garrafas, latas, etc). O cara simplesmente conseguiu encontrar o pior ponto do rio para ir passear.

Esse dia foi nomeado pela Rachel como "O dia em que fomos passear no esgoto". Perfeito.

Outra indiada braba foi eu ter concordado em ajudar numa feirinha beneficiente da igrejinha local. Pleno domingo maravilhoso de sol e de manhã bem cedinho lá vou eu carregando minha fiel companheira de programas toscos para trabalhar numa estante de quinquilharias de segunda mão. De graça.

Mas nem só de roubadas temos boas recordações. Quantas ressacas não curamos juntas??? Eu e a minha amiga Rachel fizemos muitas festas juntas, bebemos várias pints em vários pubs pela cidade, fizemos muitas compras e programas de mulherzinhas juntas, bebemos muito chimarrão e trocamos muitas confidências. Que saudades daquelas finais de tarde em que abríamos uma garrafa de vinho e tagarelávamos sentadas no pátio de casa... e já na terceira garrafa íamos azucrinar os vizinhos para vir beber conosco ou saíamos pelos parques atrás de raposas no meio da noite!

Amiga como a minha Rachel é coisa raríssima. É como uma irmã. Uma guria que vale mais que ouro. Toda linda, ela. Por dentro e por fora. Coração enorme, inteligente, divertida, autêntica... sabe aquelas pessoas que a gente sabe que vão fazer parte da nossa vida para sempre, independente de tempo e distância??? Sabe uma amiga que sabe te maquiar ( e foi embora sem ensinar direito)?

Pois é, amiga. Só o Oceano Atlântico entre nós... Hoje está fazendo um dia joinha aqui em Londres e tu por aqui seria um dia perfeito! Volta para casa, vai...




2 comentários:

Liziane Alves Dotto e casada, Castro disse...

é, a minha teoria que ninguém é substituível... as pessoas são ímpares... cada um com o seu espaço no mundo...infernizando a vida da gente como podem... saudades e bjs

Anônimo disse...

No FlashForward o mundo parou durante precisamente 2 minutos e 17 segundos.